segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Tchê

Meu pai não é meu pai biológico. Quem me conhece, sabe a história, quem não me conhece, fica a saber.

Meu pai não foi um pai perfeito, mas foi sem dúvida, a pessoa mais correta do mundo, do planeta, da galáxia.

Explico -  meu pai, o Tchê, casou-se com minha mãe quando eles estavam nos seus vinte e poucos anos de vida... agora imagina, casar com uma viúva, que já traz com ela dois filhos ( encantadores, mas crianças!), um de 6 a outra de 4 anos...
Bem, acho que vocês não imaginaram bem, vou explicar de novo:  Vinte e poucos anos, e de repente, dois filhos, que não eram dele, para criar, com pouca grana, no Brasil do final dos anos 70... na luta!

Vinte e poucos anos... o que eu queria com essa idade?
Bem, eu queria tomar cerveja, viajar, estudar, tomar cerveja, beijar, comprar roupa, viajar de carro, tomar cerveja, conhecer gente, comprar mais roupa, ir pra praia, tomar mais cerveja e não ter responsabilidade.

E vocês? O que queriam com 20 anos?

Acho que ninguém aqui queria casar com uma mulher que já vinha com dois filhos e ter que lutar para dar uma vida a essas crianças... não é?

Pois o louco do Tchê quis.
E o fez.
E não fez pouco. Não só criou, como deu muito mais que muitas crianças, adolescentes e pessoas tem. Deu um ótimo lar, deu um ótimo estudo, proporcionou uma vida divertida, com viagens, saídas, oportunidade de ver, fazer e viver. E nos deu mais dois irmãos, que são as melhores pessoas do mundo.

E também deu, para mim pelo menos, deu demais, demais- SEGURANÇA.
Aquela segurança que eu sempre soube que poderia contar com ele. Poderia ligar 5 da manhã que, com mais ou menos cara feia, ele iria me buscar... Segurança de saber que nossas contas estavam pagas em dia, que mesmo não podendo ter tudo, tudo o que tínhamos era nosso. Segurança de saber que para ele, a família e a nossa proteção estava em primeiro lugar.

Dou dois exemplos, que me marcaram muito, o primeiro foi uma vez que estavamos em uma Avenida em São Paulo, de repente, um homem teve uma briga no trânsito e começou a atirar, no milésimo de segundo que isso aconteceu, o meu pai já tinha me atirado para o chão do carro e segurava minha cabeça com tanta força, para que eu nem pensasse em me levantar. Foi tão rápida a sua reação de proteção que pensei- do lado dele não dá tempo de ter medo!
E  outro exemplo foi quando me casei- Meus pais vieram pra Lisboa, e quando ele foi embora, ele deu um cartão de crédito e disse:  ¨ Olha, se esse cara ( meu marido) lhe tratar mal, compra uma passagem e volta, o Brasil está sempre lᨠ( ainda não conhecia bem o J. se o conhecesse melhor, talvez desse o cartão de crédito para ele e lhe diria¨ quando ela te encher a paciência, compra uma passagem e vai para o Brasil ! ¨).

Enfim, esse  é o meu pai.
Que hoje faz anos, e que eu desejo toda a sorte e amor do mundo. Todo o sucesso, toda a realização, toda felicidade e toda a paz.
Pai, obrigada por tudo que nos fez na vida toda, espero que consiga olhar pra gente e pensar que valeu a pena, porque imagino que a sua vida não foi fácil . Você venceu nessa vida em milhões de sentidos, tenho muito orgulho de ser sua filha.
Aproveita seu dia, parabéns!

Meu pai e minha filha -Reveillon 2009-Brasil






13 comentários:

  1. Parabéns Tchê! muitas felicidades, que Deus o abençoe muito!
    Beijos pra vc tb Gezinha!

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  2. Maria Eugenia
    Adoro seu nome. O meu é Nice e sou amiga dos pais da Ana Cláudia. Também tenho um blog onde conto coisas para meus amigos e parentes, leitores e comentaristas que me honram com a persistência em me visitar no Ostenbarth.
    Hoje encontrei isto:
    "caos e ordem disse...
    Veja esse blog da GE (Maria Eugênia), amiga da minha filha ANA CLÁUDIA) a GE está morando em Portugal, criando dois pirralhinhos e ainda consegue escrever tanto no blog. http://oceanoquenossepara.blogspot.com.br/
    Parece que virou portuguesa, não entendi curtir chop com 10 graus de temperatura.
    Ainda vou comentar com ela que não alimenta os comentaristas comentando os comentários como vc. Nice faz. Talvez ela não use o recurso de mudar a configuração para receber mensagem de email cada vez que alguém comenta.

    3/12/12 4:04 AM"

    E imediatamente vim ao seu blog apresentar-me e, ao ler a página mais recente, cumprimentá-la pelo estilo atraente e pela figura linda de seu pai. Aproveito para pedir a Deus que abençoe e conceda muitos anos de vida feliz a esse pai maravilhoso que você tem. Eu não tive a mesma sorte.

    Daqui para a frente estarei aqui para ser sua comentarista fiel.

    Um grande abraço!

    Nice Barth.

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  3. Em tempo:
    Se você quiser visitar meu blog, o endereço:

    http://ostenbarth.blogspot.com/

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    1. Olá Nice, muito prazer e muito obrigada pelos elogios...
      Sim, meu pai foi e é um cara legal.
      É verdade o comentário do Zeca ¨ não sei como consigo postar tanto¨ ... minha vida é uma correria, mas ADORO escrever aqui, talvez por isso ache uma maneira de fazê-lo entre todas as outras coisas.
      Comecei ver o seu blog, mas estou agora de saída, depois,quero ver com cuidado, ok?
      E por favor,dê o prazer dos seus comentários.É muito bom ter um feedback! Um beijinho, Maria Eugênia

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  4. Ê Gê!!!Tô aqui chorando.... Uma porque falar de pai e mãe já me faz chorar, né.... e outra pq vc caprichou nessa!
    E eu não só sinto falta de vc e da época que a gente se divertia muito, mas também da sua casa. Eu sempre gostei muito de ir na sua casa (acho que todo mundo né).Dela como espaço, lugar,da energia, do astral, das coisas gostosas de comer (principalmente)e dos seus pais que sempre receberam super bem a galera. Um beijo grande p/ o Tchê!Muitas felicidades!

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    1. É Bezinha, hoje em dia dou mais valor aqueles tempos na casa dos meus pais... não sei, quando somos novos achamos tudo fácil não é? Hoje em dia percebo o quanto meus pais eram simpáticos com meus convidados.. E aquela casa era muito boa para receber... comida nunca faltava, não é? Bons tempos! um beijo Bettina chorona!

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  5. Lindo lindo prima!!! Realmente o Tche foi F*&% de assumir uma familia assim ne? Sempre achei incrivel!!!:-) ps. nao da pra nao chorar....

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  6. Oi Gê, nunca conheci vc. direito, só via em vc. aquela gracinha de minhonzinha, tão bonitinha. Agora pelo blog está sendo possível conhecê-la melhor, como neste texto em que vc. louva tanto seu pai. Fico pensando que talvez ele não seja tudo isso, mas o importante é que pra vc. ele significa tanto, essa segurança que deu pra vocês. Fiquei muito contente de ver a Nice se entrosando e comentando seu blog. Ela também tem filha morando fora do Brasil (acho que até duas filhas), e sabe bem o que é isso, os netos crescendo longe, etc., etc. beijão

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    1. Se o senhor reparar bem, eu em nenhum momento escrevi coisas subjetivas sobre meu pai, apenas fatos.Casou-se cedo, com uma viúva, criou seus filhos, deu-lhes uma vida com conforto, nos protegeu.
      Nada de louvação, nada de dizer que foi uma pessoa maravilhosa, nada disso. Até começo dizendo que ele não foi perfeito. Tudo o que eu disse é mesmo verdade e poderia acrescentar ainda alguns outros elogios, mas quis deixar simples, sem lamechices...
      beijinhos, Gê- gostei da Nice!

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  7. Não tinha lido ainda, que homenagem bonita e que história bonita!!

    Adorei a parte do cartão de crédito, ahahah!!

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  8. Que lindo, Gê!!! Apesar de ser sua amiga há anos, não conhecia essa história sua!!! Foi muito emocionante ler isso e seu pai é um exemplo!!! Saudade, bjs

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