segunda-feira, 9 de março de 2020

Uma questão de fé!

Durante muito tempo a fé na religião católica foi parte do dia-a-dia, nem se questionava, era como respirar.
Cresci num meio católico, e como aquela crença que temos, que toda a gente tem sotaque, menos nós, que o nosso sotaque é neutro... ser católica apostólica romana era o normal, o default.
Mas sempre gostei de ouvir as pessoas que pensavam diferente,e ouvindo aqui e ali, comecei a achar que a religião já não dava as resposta como eu queria. Acabava sempre com a tal fé nos mistérios, que para mim, era o equivalente do: porque sim.
Mas numa análise assim , mais profunda, a religião sempre ficou mesmo tatuada em mim, pelo exemplo. E o maior exemplo da religião sempre foi a minha mãe.
A minha mãe é tudo aquilo que a religião prega. Minha mãe sempre foi e é boa pessoa, justa, cheia de compaixão.
Minha mãe foi evoluindo com o passar do tempo, mas aquela essência de bondade sempre esteve nela. Sempre assisti a minha mãe ter empatia, ser boa com todas as pessoas. Sempre vi minha mãe ajudar, desde esperar a "perua" que nos trazia da escola, com uma garrafa de água geladinho, para o motorista e a "tia da perua", até ajudar financeiramente algumas pessoas.
Minha mãe sempre ajudou tanta gente, com dinheiro ( e meu pai finge que não sabe), com amizade.
Minha mãe sempre nos ensinou a ser justos, mesmo nos fazendo abrir mão de coisas imediatas, num sentido de bem maior.
Minha mãe sempre colocou o coração em outros lugares, que não o dinheiro, embora aprecie um conforto, sei que ela abriria mão de tudo, para ajudar aos outros ( mas o pai não deixa! kkk).
Minha mãe sempre nos ensinou a honrar compromissos e pessoas.
E, coisas que hoje vejo, ensinou a tentar não julgar. Ela tenta profundamente respeitar as opções dos outros, e quantas vezes disse-me para eu não julgar! Minha mãe sempre teve uma sabedoria com pessoas e extrema compaixão (repito).
Por causa dela a religião sempre fez muito sentido. Ao deixá-la, e começar a ver outros mundos, fui descobrindo que eu confundi a vida toda ser religiosa com ser Maria Augusta. A minha mãe sempre foi e é mesmo, genuinamente boa pessoa, e a fé que no fundo eu professava tinha a ver com a mãe que eu tinha, e tenho.
Se me perguntassem hoje sobre a fé, sobre religião, eu responderia que ela só vale a pena se transformam uma pessoa em boa pessoa. Se ela faz com que sejamos seres humanos dotados de bondade, generosidade e compaixão (repito).
Infelizmente, assim como a minha mãe preparou-me e me manteve crente por muitos anos, por ser um bom, excelente exemplo, a vida foi me apresentando o contrário, pessoas que foram extremamente contraditórias enquanto religiosas.
Enfim, não quero com esse texto falar mal de  ninguém, mas é que nesses tempos sombrios que correm, a fé das pessoas está a ser usada como um estandarte, que garante um estatuto de superioridade. Isso eu detesto.Isso ajudou a afastar-me da ideia religiosa.
Acredito em amor, em bondade, em generosidade, em justiça, em amizade. Desprezo os que usam a religião para disseminar preconceito, recalques e como um patamar para se promover.
Minha mãe bem que tentou me ensinar a não julgar...mas mãe, me perdoe, mas não consigo deixar de ter um sorriso irônico quando leio e ou assisto tanta gente de "boa fé" e "má índole".
Essas pessoas que tanto pregam pela religião ajudaram-me a duvidar tanto!

1 comentário:

  1. Essa é a Maria Augusta que conheço e a quem recorro sempre, qdo necessito de umas sábias palavras.

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