quarta-feira, 12 de abril de 2017

Privacidade X Proteção

Ontem surgiu um debate com um grupo de amigas que já tem as filhas na adolescência...
Os meus ainda não chegaram a essa fase, portanto tudo que sei e penso é baseado na minha própria adolescência e naquilo que eu vejo da vida...
Ontem discutia-se ¨privacidade¨, claro que é um tema que pode gerar alguma polêmica. Umas acham que não devem de maneira nenhuma ver os celulares das filhas (os) , outras vasculham tudo e sentem a necessidade de estar em cima do acontecimento.
Baseada naquilo que sei até agora,  eu sou da turma que acha que tem que saber tudo. Claro, como uma amiga disse com muita graça- ¨minhas filhas me contam coisas que eu até nem precisaria saber¨ ( kkkk), não falo aqui em pormenores detalhados, coisas que se calhar até nem temos paciência de ouvir ou entram numa intimidade que é só delas (es), isso para mim é opcional, não fundamental.
Depois acho que existem dois tipos de privacidade. Lembro das minhas conversas na adolescência e eram de uma tontice pegada, mas que faziam parte dessa fase e quando o meu irmão lia alguma dessas coisas,  eu era gozada até a exaustão, muitas vezes por toda a família. Isso eu acho falta de respeito e de privacidade. Utilizar uma gesto, um verso, uma tontice qualquer que é próprio da idade e ridicularizar, contar para os outros, por pura recreação, acho errado, acho abusar daquela pessoa que não pode se defender, que é dependente. É  no mínimo covarde.
Mas, por outro lado, a tal da privacidade que nos exclui daquilo que nossos filhos estão a sentir, a sofrer, a se alegrar, enfim, a viver, eu acho perigoso.
Na adolescência somos muito idealistas, queremos mudar o mundo, acreditamos que a vida é fácil, temos pressa, nos baseamos em filmes, clipes...Achamos que o amor e uma cabana é suficiente para felicidade...Na adolescência a nossa auto estima é elástica, num momento nos sentimos  donos do mundo, no outro nos sentimos um trapo...
E sobretudo, achamos que sabemos muito da vida e sabemos muito pouco.
Sabemos pouco sobre gerir a vida, gerir o dinheiro, gerir o tempo. Nessa fase achamos que a opinião dos amigos ( que igualmente não sabem nada) é a verdade absoluta. Achamos que aquele cara todo maluco com ideias inovadoras é o CARA, nem pensamos que daqui um tempo a vida, que é dura e passa rápido, acaba com as chances desse CARA ter um futuro, e de duas uma, ou vamos sustentá-lo, ou vamos viver uma vida de privações juntos.
E viver uma vida de privações, na minha opinião, não é lá muito gostoso.
Na adolescência queremos viver o momento e consequências muitas vezes são desvalorizadas, mas a verdade é que as consequências fazem parte de qualquer ação, não há como fugir delas.
Por isso acho que é sim nosso papel saber o que nossos filhos estão a pensar,  com quem estão a andar, o que estão a sentir, e tentar orientar. Também saber escutar, porque concordo que também aprendemos com eles, sem dúvida. A vida não tem só um meio, uma fórmula, não é estático, mas acho que sentimos e sempre sabemos lá bem dentro a distinguir o que é certo e errado para nossas crias.
É saber mais que ouvir, saber sentir e estar presente, aconselhar, cuidar e se for preciso é mesmo fundamental proibir, ir as últimas consequências, mesmo que eles se revoltem e fiquem chateados conosco, um dia eles não vão agradecer a dura intervenção!
Eu acho...



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