domingo, 20 de abril de 2014

Pedaços da minha vida... Princeton...

Fui au-pair durante um ano nos EUA. Ser au-pair é basicamente ser uma babá de crianças, só que eu

Ia muito para NY nos tempos livres
pertencia a uma organização específica, fui para uma família específica, e a idéia é que eu era um membro da família, com a disponibilidade de estar com as crianças e vivenciar o dia-a-dia de uma família americana.

Bem, a minha sorte é que eu fui para Princeton, uma linda cidade universitária, onde conheci o J. e também muita gente legal e interessante. Na verdade vivenciei muito mais o dia-a-dia europeu, usos e costumes, porque só andava com europeus... Aprendi em um ano muito, convivi, experimentei e cresci.

Já a família para qual eu trabalhei... ui! Esse foi o meu azar. Trabalhei para uma família que tinha 4 filhos, 2, 4,6 e 8. Todos mimados e mal-educados. Chatinhos mesmo, coitadinhos, mas de quem era a culpa? Da mãe. Uma pessoa desconfiada, miserável ao extremo, triste mesmo. Pessoa pouco razoável, que tem tanto apego ao dinheiro que parece estar o tempo todo a fazer contas: ¨estou pagando tem que trabalhar¨.
Minha grande amiga espanhola, Sheila!
Daquelas que se acham muito espertas, tentam nos passar para trás o tempo todo, como se fossemos idiotas. E estúpida, muito estúpida, porque se achando muito inteligente nunca pensou que essa atitude só a fez perder.

Explico várias razões pelas quais a acho estúpida:

*  1ª regra de ouro- procure alguém em quem se confie para cuidar do seu filho e a partir daí, trate muito bem essa pessoa, transmita aos seus filhos a confiança que você tem nessa pessoa, assim, eles irão estimar e respeitar a cuidadora... E o que se ganha com isso?  Faz com que essa pessoa goste honestamente dos seus filhos, lhes dê amor. Simples não é?

Visita dos meus pais. NY ao fundo
* Saber ceder, saber ser generoso, assim, quando precisamos, a possibilidade da outra pessoa nos ajudar com algum gosto é muito maior. Damos para receber.

*  Amizade é um bem inestimavél, nunca sabemos se a vida não nos coloca uma pessoa mais que uma vez na nossa vida, quando alguém passa por ela é muito importante criar algo bom, um elo, isso acrescenta, aumenta nossas conexão no mundo, coisa que eu estimo. Ela teve um ano para mostrar algo de bom, não o fez.

* É muito bom sabermos conviver com todo o tipo de gente, sem desprezo, aproveitando o melhor que
Meus pais e Sheila, Amish Country
cada pessoa pode oferecer e aprender um pouco com a diferença. Ela é médica, e deve ter sido muito esforçada, assim, de alguma maneira desprezava quem não tivesse tido o mesmo percurso acadêmico/profissional. Nunca se deu ao trabalho de conversar comigo. Lá fiquei mais que um ano e tenho a certeza que ela não aprendeu nada comigo, uma receita, um costume brasileiro, nada. Bem, a verdade é que ela é casada com um francês e não fala uma palavra em francês, dá pra sentir a abertura, não é?

E tem tantas coisinhas tontinhas e pequeninas dessa mulher que nem vale a pena ficar aqui a explicar.
Eu poderia ter pedido para mudar de casa, acho que sim, mas eu gostei tanto de Princeton e dos meus amigos que achei que não valia a pena.
Patinando no Central Park
E cada vez que um dos meninos me respondia mal, ou que ela tentava me fazer de idiota, ou demonstrava uma miséria que só as pessoas frustradas tem, eu pensava: ¨ Dane-se, daqui um tempo eu vou embora e nunca mais vejo essa gente, acaba, assim como quem apaga uma luz.¨ E assim foi, nem me despedi direito, disse um tchauzinho, como quem vai à padaria e já volta e nunca mais os vi ( imagine alguém que viveu mais que um ano na sua casa e cuidou dos seus filhos!).
O dia que saí de lá tive aquele momento de prazer, como  quem tira um peso das costas, como quem termina uma faxina... tão bom!
Com a o orgulho de saber que cuidei bem e com responsabilidade daqueles meninos, que mesmo não conseguindo sentir nenhuma empatia por eles, porque eram mal-criados, chatos e consequentemente sem nenhuma graça, os tratei  com respeito e cuidado. Nada de mal os aconteceu enquanto estavam comigo, nenhum arranhão, nenhum acidente.
Mesmo não sendo parte das minhas funções, sempre que tinha tempo arrumava e limpava a casa e tentava deixar tudo em ordem.

E o que eu ganhei com essa experiência? Bem, o J., sua família e
Esquiando com o J.
consequentemente meus filhos.
Muitos amigos, e por causa da amizade que fiz com uma espanhola, ainda consegui viver uma ano na Espanha, onde fiz mais amigos ainda.
Ganhei também amigos eternos, que vivem em diferentes lugares da Europa, 4 deles que estão aqui em Lisboa, a passar a Páscoa, mesmo depois de já fazer quase 14 anos que deixamos  os EUA, a amizade continuou e continua.

E como falei, com a famíla para a qual eu trabalhei, aprendi muito, aprendi como não tratar as pessoas, como não educar meus filhos! O que é uma grande aprendizagem.
No fim das contas eu ganhei muito com minha decisão de viver como au-pair por um ano!

VALEU MUITO!


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