Hoje vi isto no facebook:
Lembrei-me da minha primeira professora, do 1º ano do 1º ciclo. A D. Sandra.
Que ódio-isso mesmo ¨ÓDIO¨ eu tenho dela e de tudo que ela fez comigo.
Claramente ela não gostava de mim, e uma criança sente isso rapidamente. Me achava burra, incapaz, relaxada e falante.Tenho a certeza que eu a irritava. E sim, se calhar era mesmo irritante. Mas era uma criança. E todos os adultos que se põe no nível da criança, que ao invés de ajudar, de mostrar um caminho, de entender que pode ser alguma carência, humilha, reforça os defeitos, desanima não deveria ser professora, simplesmente não deveria.
Eu fui bastante infeliz durante o ano que estive com ela. Era sempre angustiante chegar a escola e mostrar a minha lição ou fazer um teste. Ela já pegava no meu caderno com ar de desdém, fazia aquele olhar que diz-¨você não tem mesmo jeito, preguiçosa¨.
Uma vez, ao fazer a lição pulei uma página do caderno, ficando duas páginas em branco pelo meio, ela escreveu de fora a fora AI ( aproveitamento insuficiente), A numa página e I na outra-enorme, alí, estampado o meu fracasso.
Ela fazia-me sentir feia, burra, todos os dias. Lembro-me dela hoje com uma angústia grande.
Depois veio a D. Regina, que embora fosse rígida tinha muito respeito pelas crianças, assim, ao menos não me sentia humilhada e até me lembro de coisas boas nas aulas dela. Depois veio a D. Gilza, que era um doce e no 4º ano a D. Maria Luísa, que eu sentia que gostava de mim.
Fui crescendo e aprendendo me defender um pouquinho mais. E quanto mais velha vou ficando mais raiva daquela idiota eu tenho, cada vez mais eu percebo o quão maldosa e prejudicial ela foi na minha vida .E o tempo não faz sarar essa ferida.
Fazendo uma analogia, se calhar a ferida ficou com uma casquinha durante muitos anos, enquanto eu não entendia, enquanto eu achava que a culpa era minha, que eu era feia, burra e chata, mas quando eu comecei a entender, a ver a perceber, parece que a casquinha caiu e jorra um sangue vivo e me dá uma vontade de gritar bem alto no ouvido dela, como ela fazia comigo dizendo: ¨ Má, fraca, falsa e abusadora de quem não tem como se defender, pessoa horrorosa que você é¨ .
Enfim, tudo passa, mas a lembrança fica, pra sempre... É esse pedaço dela que trago comigo, feio, não é?
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