quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Vó Lazinha e as ¨bistecas¨

Ontem, mais uma vez, a ler o blog do ¨ Pais de Quatro¨ (http://paisdequatro.blogs.sapo.pt), houve um post sobre o último pedaço da pizza.
É baseado numa propaganda, onde a história é uma família que se senta para comer uma pizza. A mãe ainda está arrumando alguma coisa enquanto todos estão a se servir e a comer, quando ela se senta só há mais um pedaço de pizza, e todos fazem aquele ar de quem ainda comia mais um pouco... a  mãe titubeia entre comer ou não... mas lá ela divide a sua única fatia entre todos pois não consegue pensar só em si mesma.

Meu comentário foi esse:

¨Acho que em mim, isso é mais algo instintivo do que racional.
Não sou mãe e nem esposa extremosa, meiga, fofinha, nada disso.
Sou bastante histérica, irritada e brigo muitos com eles ( marido e filhos), mas na parte da comida... é que nem pensar, não consigo, é muito mais forte que eu, o melhor é sempre para eles, no doubt about that.
Se tiver pouco, ou acabando, primeiro eles.
Como é instintivo, me custa fazer de outra forma. Se percebo que por acaso, a receita dá pouco e vejo meu marido comendo com gosto, nunca consigo terminar o meu, sempre coloco no prato dele e digo que ¨não estava assim com tanta fome¨ (juro que não sou queridinha) .
Tive uma mãe também nada fofinha, mas que sempre agiu assim e sempre achei normal kkkk ).
Nada a fazer!
Sei que a discussão não é sobre comida, mas aquela cena da pizza me fez ver a mim mesma, cheia de vontade, mas com um peso na consciência de deixá-los sem mais.
Olha, é como engordo menos!kkkkkk¨ 


E surgiram outros comentários, mas quando li esse, fartei de chorar:

  " só depois de ser mãe percebi porque é que a minha mãe gostava tanto das costas e do pescoço do frango."


Na hora lembrei-me da minha avó Lazinha, que roia os ossos da bisteca quase como se não houvesse amanhã, desfrutando até a última carninha que lá houvesse... Fiquei a pensar se, por acaso, não fosse o caso de não haver assim comida em abundância, fiquei a pensar se ela não roia aquele osso, não por gosto, mas por lhe sobrar só um pedacinho em meio de tantas bocas que lá haviam nas férias.
Não é que houvesse fome naquela casa, mas sei que as coisas eram difíceis, o dinheiro muito contado.
Não havia fartura material, mas havia uma fartura de amor, de carinho, de brincadeiras, que me preencheram tanto, que só hoje, aos 40 anos, percebi isso.
A lembrança daquilo que havia é tão superior àquilo que faltava que só hoje encarei esse fato.
Que avó linda que eu tive... Quantas saudades dela! Tendo tão pouco, quanto ela me deu!

Aqui uma foto dela, minha avózinha Lazinha, meu avô Silas e eu, ali na janela... Devia ter uns quatro anos?

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