segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Crónicas do mal de amor

Mais uma vez, a Elena Ferrante deixando-me sobressaltada!
Já falei da tetralogia aqui e aqui.
E ontem terminei mais um livro, na verdade três contos.
O Primeiro "Um Estranho Amor", não conseguir terminar, acompanhar, digerir, muito frenético, muito confuso (obviamente para mim), muito estranho, não consegui... talvez em outro momento da minha vida...
O Segundo "Dias de Abandono", maravilhoso. Acho que a autora tem uma capacidade de encontrar títulos, que, depois do livro lido, faz um sentido enorme! É isso, uma imersão profunda num corte, numa dor, é cair num poço e depois submergir.É entrar num "Trem Fantasma" e depois sair.Foi entender que há coisas que tem de ser vividas a seco, engolidas, arrebenta, depois cicatriza. Maravilhoso.
Ontem, terminei o Terceiro e último conto, " A Filha Obscura" e estou a dar voltas e voltas na minha cabeça, tentando entender o fim. A leitura foi maravilhosa, adorei, fiquei colada, mas o fim deixou-me baralhada.
Li aqui e ali, sobre a verdade, a crueldade com que a autora fala sobre a maternidade... sobre nos perdermos nisso de ser mães...
Pois eu acho que se calhar sou pouco profunda, ou resignada, não sei.
A maternidade é dura, é dedicação, mas depois que tive meus filhos, sempre lutei para, dentro de um certo limite, manter minha identidade e os meus desejos, mas sempre soube que a Maria Eugênia de antes deixaria de existir, ou melhor, se transformou. Mesmo porque não os sinto como outras pessoas, mas sim, extensões de mim, não por eles, por mim. Dedicar-me a eles é dedicar-me a mim... toda a minha existência está conectada na deles, como se eles fossem um órgão vital do meu corpo, não há um começo e um fim, é um circuito, depois de tê-los passou a ser assim, a felicidade deles é a minha, assim como a dor, o medo, a angustia, a realização. E não que eu seja uma mãe dedicada, eu só estou mesmo a cuidar de mim, da minha pessoa instalada naquelas pessoas... naquelas duas gentes, que também sou eu, por isso a maternidade, depois de concretizada, nunca foi escolha, depois de existirem ficou assim, uma inevitabilidade.Da qual eu reclamo muito, mas adoro...

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