sexta-feira, 4 de abril de 2014

Deixar ¨quebrar a cara¨!

O Gui sempre foi uma criança bastante teimosa. Ainda mais sendo irmão da Pipa, que é super fácil de se levar, mais flexível, assim, ele se torna aos meus olhos um poço de teimosia.
O Gui é muito empírico, tem que testar, tem que ser ele a fazer, tem que provar.
Parece mentira o que eu acabo cedendo- por vezes por me faltar forças, por vezes, por nos faltar tempo... enfim, ele ousa e não sei se é por ser mais ousado, ou é mais ousado por que acabo deixando que ele ouse mais... sei lá. Ele é o segundo, agora as atenções são divididas e muitas vezes não dá para parar tudo e convencê-lo.
Ontem quando fui buscá-los a escola tivemos uma discussão nas escadas. Eu já havia aberto a porta e a Pipa já estava na calçada enquanto o Gui começou a descer as escadas, mas não contente de descer sozinho, ele decidiu ir pela lateral das escadas, onde os degraus tem o triplo do tamanho, na verdade não são degraus, são mais um ¨remate¨da escadaria... E foi tudo muito rápido, eu me virei, ele já descia, chamei a
Pipa que já ia longe e quando voltei a olhar, ele já caía, como um mergulho numa piscina de mármore vazia, de cabeça.
Eu, a segurar uma lancheira, um guarda-chuva e uma porta pesada ( a Pipa estava lá fora), soltei tudo e fui agarrar meu pequeno teimoso, que berrava sem parar, enquanto eu tremia....
Depois de  verificar que tudo estava lá, dentes, nariz e uma testa extra pensei comigo mesma:  ¨Quem sabe agora ele vai parar com essa mania! Quem sabe agora ele aprendeu?¨ .
 E hoje, analisando o ocorrido me deu um medo de de repente ter que vê-lo ¨quebrar a cara¨ vezes sem conta nessa vida. Não quero, não quero que ele sempre tenha que sofrer para aprender, mas se eu tivesse aparado aquela queda provavelmente ele tentaria de novo...Ai... dicotomias da vida!
Querer que aprenda e querer poupar o sofrimento...isso é possível?

1 comentário:

  1. É possível sim... Sofri tudo isso com meu terceirinho, o Rodrigo. Era igualzinho ao Gui! Quantas vezes tive de ajudá-lo ainda pequeno, 2 anos, por aí... Tudo queria experimentar e fazer sozinho, não queria ajuda, mas às vezes era obrigado a abrir mão da independência, quando queria descer de um lugar muito alto em que estava pendurado pelas mãozinhas e chamava berrando: "Oguém!!! Oguém, socorro!!! Socoooorrrooo!!! E lá ia eu correndo salvá-lo... Para nada porque repetia...
    Depois, já adolescente a coisa piorou: um dia me disse: 'Mãe, me deixa quebrar a cara sozinho, por favor!"
    Foi então que desisti...

    ResponderEliminar