terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Outra vez...

Outro dia estava a provocar, ou sendo provocada pelo J. sobre ex-namorado, aquela conversa ( num contexto de brincadeira) ¨ olha, se eu tivesse me casado com fulano isso seria diferente¨, e de tanto brincar com o assunto, comecei a pensar como teria sido minha vida se eu tivesse feito diferentes opções...E em todos os exercícios mentais que fiz sempre me parecia que tudo teria sido mais fácil do que é agora.

Daí, outro dia assisti aquele filme ¨As Pontes de Madison¨ ( quem não viu deve ver, é antigo de 1995, mas é lindo), e no filme eles vivem uma história de amor mas não podem ficar juntos... e depois da décima vez que eu assistia esse filme o meu inconsciente ainda torcia para ela sair do carro e ir ter com ele...depois me deu um clique e pensei ¨Ah, mas  essa história perfeitamente romântica porque ficou por aí, ficou no auge da paixão¨.

Explico: eles só viveram a parte emocionante da história, a paixão, o frio na barriga, o desejo de estar junto maisquetudonavida, coração acelerado essas coisas que eventualmente já sentimos.Mas não viveram aquilo que se segue, quando ficamos juntos com a pessoas que amamos, que é o ¨tar¨do dia-a-dia, pagar contas, limpar a casa, ficar noites sem dormir com uma, ou duas, ou três crianças chorando, as vontades que são diferentes nas coisas mais tontas como  por exemplo ¨onde vamos hoje?¨, e o eterno sentimento reciproco de injustiça- a gente sempre acha que faz mais pela relação do que o outro.

Pensei nisso, vi a Meryl Streep a lavar a louça, enquanto o Clint Eastwood dormitava no sofá, depois de comer como um alarve, vi ela olhando pra ele com aquele ar de saco cheio, e a pensando ¨como eu fui me casar com esse cara¨ ... e tudo ficou mais simples para mim. A vida é assim mesmo, perde alguns encantos e ganha outros.Não há mais o frio na barriga, mas há  a maneira como ele olha para o filho que também é meu e morre de amor, há aquela confiança e cumplicidade que só o tempo é capaz de construir, há uma história, com as partes boas e más.

Obviamente não digo com isso que as vezes um casamento não dá mesmo certo, claro que pode acontecer, mas o que não dá é para  ter a ilusão que vamos viver uma história de amor eterna. Nos contos de fada a história acaba quando eles casam, e são supostamente felizes para sempre, não vemos o que acontece depois e nem queremos, porque o bom é sonhar. Sonhar, só isso.

Já há uns anos, o J., em tom de provocação,  me perguntou ¨onde está aquela mulher sem barriga com quem me casei? ¨ e eu respondi rápidamente ¨ fugiu com aquele cara cheio de cabelo com quem ela se casou! ¨. Rimos muito com a situação, a vida é assim mesmo...

Bem, vou começar o dia, está amanhecendo devagarinho, porque é inverno, mas o dia já vem aí com força.
Deixo uma música para recordar o passado...mas sem ilusões, heim?

3 comentários:

  1. Gê, vc arrasa mesmo na tradução dos nossos sentimentos! Parece que está falando de mim! Acho que todas temos essa sensação de que nós é que temos q fazer tudo e mais um pouco!
    Minha mãe sempre me dizia que essa paixão, esse amor sem limites dos filmes e novelas, não existia na vida real, na rotina de um casamento. Mas eu não acreditava, claro! Hoje vejo que tem que ser muito mulher mesmo para administrar tudo,né!

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  2. Gê,
    Que alegria ter suas palavras em um blog! Dá a impressão que você, de fato, está sentadinha aqui na frente, batendo papo. Adoro seus pensamentos... siga em frente com o blog e com as construções divertidas nessa vida!
    beijos e muitas saudades

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  3. Gê, só ta faltando estender a toalha na mesa, fazer o cafezinho, abrir o pacote de bolacha...que saudade...

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