quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Por que raio eu fui perguntar?

 Essa mania idiota que temos de achar que conseguimos influenciar em  alguma coisa no mundo através do nosso pensamento...

Eu, quando fico nervosa, tenho a tendência para a superstição, e quanto mais nervosa, mais acredito que a culpa é minha, pois pisei na parte escura da calçada, ou contei algum segredo, qualquer coisa, que mental e ridiculamente eu estabeleci comigo mesma que se fizesse iria acarretar na terceira guerra mundial... Enfim, quem nunca?

Há muitos anos tenho medo das respostas que a vida dá às minha perguntas julgadoras. Cresci no rescaldo da 2ª Guerra Mundial, onde não havia grandes dúvidas sobre o mal do nazismo, era criança quando o regime militar acabou no Brasil, e cresci num mundo onde a tortura era mal vista, com quase concordância de todas as pessoas. 

Mas o tempo passa e tudo vai mudando, aos poucos, gota a gota. E a resposta para as minhas perguntas internas: como as guerras acontecem? como alguém apoia uma ditadura? apareceram. O mundo e o seu retrocesso mostraram claramente como  pessoas com as quais eu convivi apoiam protoditadores, como apoiam o ódio. Pessoas normais, que hoje treinam tiro, como se arma fosse uma coisa boa.

Parecem que decidiram que o ódio vale mais a pena e como na segunda guerra mundial, precisam de um bode expiatório, alguém que seja culpado pelo insucesso, pelo mundo estar tão mal.

Em 1939 a culpa foi dos judeus, hoje a culpa é dos pobres, dos desfavorecidos. São para abater, mão tem direito, são maus.

Assitir qualquer abominável discurso do Trump, com aqueles trejeitos ridículos, falando do "Muro", criminalizando constantemente a imigração de outras partes da América, misturando imigrantes com traficantes, para deixar as pessoas confusas, com medo, e logo, prontas para o ataque, semeando o ódio, sempre revirou-me o estômago.

Essa gente de bem, que se farta de colocar a palavra "deus" em cada frase, achando que só por dizê-la, transforma-se automaticamente numa boa pessoa, e a sua ação, numa boa ação e aliviam a sua consciência, também reviram-me o estômago.


Ando super cansada do mundo, super desanimada...Me arrependo de pensar tanto nessas questões, preferia nunca ter percebido como as pessoas se transformam nesse pacote de hipocrisia e egoísmo.Parece que tudo tem que acontecer mais uma vez, o terror, as perseguições, a falta de liberdade, o medo, para que as pessoas voltem a valorizar a democracia e o bem. Quando nessa minha existência eu imaginei que haveria pessoas a chorar e pedir pela volta da ditadura?

Ontem acabei de ler um livro chamado "Terra Americana" e ainda estou com a cabeça a roda, sentindo-me minúscula.

Lembrei de um filme que eu assisti há muitos anos, onde dois amigos estão a conversar e quando proferem frases preconceituosas na cena seguinte acontecem coisas nas quais eles se vêm na mesma situação daqueles de quem eles falaram com preconceito. Tipo falam mal de um judeu e ao sair do bar vem a Gestapo e os persegue... Enfim, acho que nem todas as situações precisariam ser sentidas na pele para ser "sentidas", mas... quando não vai pelo amor, vai pela dor...



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