Essa mania idiota que temos de achar que conseguimos influenciar em alguma coisa no mundo através do nosso pensamento...
Eu, quando fico nervosa, tenho a tendência para a superstição, e quanto mais nervosa, mais acredito que a culpa é minha, pois pisei na parte escura da calçada, ou contei algum segredo, qualquer coisa, que mental e ridiculamente eu estabeleci comigo mesma que se fizesse iria acarretar na terceira guerra mundial... Enfim, quem nunca?
Há muitos anos tenho medo das respostas que a vida dá às minha perguntas julgadoras. Cresci no rescaldo da 2ª Guerra Mundial, onde não havia grandes dúvidas sobre o mal do nazismo, era criança quando o regime militar acabou no Brasil, e cresci num mundo onde a tortura era mal vista, com quase concordância de todas as pessoas.
Mas o tempo passa e tudo vai mudando, aos poucos, gota a gota. E a resposta para as minhas perguntas internas: como as guerras acontecem? como alguém apoia uma ditadura? apareceram. O mundo e o seu retrocesso mostraram claramente como pessoas com as quais eu convivi apoiam protoditadores, como apoiam o ódio. Pessoas normais, que hoje treinam tiro, como se arma fosse uma coisa boa.
Parecem que decidiram que o ódio vale mais a pena e como na segunda guerra mundial, precisam de um bode expiatório, alguém que seja culpado pelo insucesso, pelo mundo estar tão mal.
Em 1939 a culpa foi dos judeus, hoje a culpa é dos pobres, dos desfavorecidos. São para abater, mão tem direito, são maus.
Assitir qualquer abominável discurso do Trump, com aqueles trejeitos ridículos, falando do "Muro", criminalizando constantemente a imigração de outras partes da América, misturando imigrantes com traficantes, para deixar as pessoas confusas, com medo, e logo, prontas para o ataque, semeando o ódio, sempre revirou-me o estômago.
Essa gente de bem, que se farta de colocar a palavra "deus" em cada frase, achando que só por dizê-la, transforma-se automaticamente numa boa pessoa, e a sua ação, numa boa ação e aliviam a sua consciência, também reviram-me o estômago.
Ando super cansada do mundo, super desanimada...Me arrependo de pensar tanto nessas questões, preferia nunca ter percebido como as pessoas se transformam nesse pacote de hipocrisia e egoísmo.Parece que tudo tem que acontecer mais uma vez, o terror, as perseguições, a falta de liberdade, o medo, para que as pessoas voltem a valorizar a democracia e o bem. Quando nessa minha existência eu imaginei que haveria pessoas a chorar e pedir pela volta da ditadura?
Ontem acabei de ler um livro chamado "Terra Americana" e ainda estou com a cabeça a roda, sentindo-me minúscula.
Lembrei de um filme que eu assisti há muitos anos, onde dois amigos estão a conversar e quando proferem frases preconceituosas na cena seguinte acontecem coisas nas quais eles se vêm na mesma situação daqueles de quem eles falaram com preconceito. Tipo falam mal de um judeu e ao sair do bar vem a Gestapo e os persegue... Enfim, acho que nem todas as situações precisariam ser sentidas na pele para ser "sentidas", mas... quando não vai pelo amor, vai pela dor...
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