Já vi inúmeras vezes traças em casa.
Sempre achei um bichinho curioso, que usa muitas artimanhas para fugir e sobreviver. Ela anda, corre, para e se esconde de uma maneira que parece elaborada.
O que a move? Inteligência e estratégia? Claro que não, é puro instinto de sobrevivência. Lá dentro dela ela sabe, quando ir, quando parar, onde esconder.
Fiquei olhando para uma gordinha, que passeava cautelosamente pela minha sala, enquanto eu aspirava.
Comecei a pensar em mim mesma e na quantidade de vezes que ignoro o meu instinto e depois de acontecer alguma coisa, alguma revelação, penso comigo mesma: putz! eu tinha sentido algo estranho naquela pessoa e ignorei.
Meu instinto nunca falha. Nem tudo eu pressenti, mas tudo aquilo que eu pressenti, mais tarde ou mais cedo revelou-se como certo.
Quando estamos com alguém e uma palavra, um gesto, um olhar, uma reação nos parece "estranha", temos de prestar atenção. É o nosso instinto a nos dar um sinal.
Talvez a nossa racionalidade misturada com a nossa vontade de que a coisa corra bem, nos faz ignorar esse pequeno sinal, mas como o instinto nunca nos engana, mais cedo ou mais tarde, percebemos a realidade.
Claro que é difícil nos reger somente pelo instinto, pois é difícil explicar e provar a razão do nosso afastamento, da nossa estranheza.Muitas vezes leva algum tempo para a revelação, mas acredite, ela chega.
Assim, tenho tentado colocar um "post-it" imaginário nas pessoas que me fizeram sentir "algo estranho", e tento me cuidar, avaliar os meus passos e não me comprometer, usar a sabedoria de uma traça, para sobreviver às decepções.
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