quinta-feira, 20 de abril de 2017

O Ivan

O Ivan.
O Ivan nunca foi meu grande amigo, era mais que um simples conhecido, menos que um amigo, não por nenhuma razão especial, mas porque era a realidade. Ele era o marido de uma grande amiga.
O Ivan era uma pessoa que eu conhecia pouco, mas sabia sempre dele, uma vez que estava sempre com sua esposa.
Nunca nos tornamos amigos porque... nem sei, interesses diferentes, o corre -corre da vida, vida...
Portanto não posso aqui escrever coisas profundas sobre o Ivan, porque essa é a verdade, nos víamos de quando em quando, já tomamos umas cervejas juntos, já fui à sua casa, ele já veio à minha, era divertido estarmos juntos e pronto. E passaram 12 anos...Vi seus filhos cresceram, sabia de tudo que acontecia lá em casa, sabia quando ele mudava de emprego, quando viajava... Tudo assim normal, como um amigo de um amigo...
Até que em Setembro soube da notícia fatal, ele estava com um cancro, sem cura, sem tratamento. A partir daí ele entrou nos meus pensamento constantemente. Não havia dia que não pensasse nele.
Talvez de forma egoísta, como um reflexo, como um exemplo de que ¨aquilo¨pode acontecer também comigo, com alguém perto de mim...
Como sempre acompanhei a sua vida, sem preocupação, acompanhei os últimos meses com muita atenção, tornou-se uma preocupação constante.
Somente quando a doença avançou para os dias finais, eu soube que era permitido visitá-lo no hospital, achava que não podia.
Assim, a vida me deu a chance de estar com eles, ele e a família, nos dois últimos dias. E apesar de ser uma ocasião muito dolorosa e triste, foi uma experiência muito profunda, e uma grande honra poder estar com eles num momento tão privado. Pude participar de uma despedida tão dura, psicológica e fisicamente, que de alguma maneira mudou algo cá dentro de mim.
Até então, nesses 12, 13 anos, o Ivan tinha sido uma pessoa com que eu sempre simpatizei, que eu gostava, mas de alguma maneira, distante e, de maneira involuntária, me deixou uma das experiências mais marcantes, mais profundas que já tive.
Amou e foi amado, fez imensos amigos, viveu profundamente e eu acho que mesmo com um sofrimento brutal, porque essa doença é mesmo filha da puta, conseguiu perceber que todos estavam ali com ele, até o momento final.
Descansou, acabou.
Obrigada Ivan, obrigada Gláucia, obrigada Guiga e Yoyo...Foi uma verdadeira honra poder estar com vocês e ser vossa amiga.

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