terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Etarismo...

Nova moda? Vamos lá!

Se a idade acentua os nossos defeitos, a implicância toma conta de todo o meu ser, de todo os meus poros...Uma das grandes implicâncias é quando surge uma "modinha" de alguma palavra, como "bacana", detesto bacana. Detesto maneirismos, que vão surgindo com o tempo, como quem viaja para a Europa e explica: "Vou fazer Itália, Grécia..."-  fazer? Tão feitas, você vai "visitar", "conhecer". E o problema não é o verbo em si, mas quando percebo que é uma moda, sei lá, criada talvez por alguns agentes de viagem, e o povo fica a repetir. 

E já sei, lá vem o tal do "etarismo", palavra que pelo menos eu, só ouvi agora, mas que vem no dicionário, não é uma nova invenção, mas eu tenho a certeza que vou ouvir milhentas vezes a partir de agora, e  muita gente vai fazer aquele ar blasé, como se conhecesse o conceito  desde o tempo da cartilha...

Através de um grupo de amigas de toda a vida, tomei conhecimento de uma "influencer", que eu não conhecia, gostei muito dela, achei interessante, articulada, a falar sobre o etarismo.  Mas para ser sincera... isso do preconceito da idade eu fico na dúvida.

Tal como ela explicou, e acho que é meio universal, a gente vai percebendo que está ficando velho, aos poucos. Acho que quando eu estava a chegar nos 40, comecei a perceber que quem eu achava que tinha a minha idade, estava com 30, e quem eu achava que tinha cara de ser bem mais velho do que eu, tinha a minha idade, ou era uns 2 anos mais novo. Logo percebi, não estava a conseguir "me enxergar". Embora a contragosto, passei a dizer a mim mesma: "ele(a) parece mais velho(a)?- então tem a sua idade", quase nunca mais errei. 

Também, nesse grupo de amigas de infância, olho para elas e acho que estamos "mais ou menos" a mesma coisa... mas é muito improvável que estejamos... que se dane, não é? Tanta coisa para pensar, tanta conta para pagar, tanta coisa boa para fazer e tendo os nossos filhos para criar, e deixá-los ter um espaço no mundo...

Quando andava nos meus 20 e poucos, um amigo disse que detestava quando tratava uma mulher por "senhora" e ela respondia: "senhora? tenho cara de velha?" e que ele tinha vontade de responder: " sim, tem". Essa conversa inocente ficou para sempre comigo, para tentar evitar de fazer a mesma coisa. Hoje se um amigo da minha filha me trata por senhora, eu aceito, acho respeitoso e até bonitinho, tenho 47 anos sou sim uma senhora.

Estou sim na meia idade, caminhando largamente para a terceira idade. Nunca me achei linda, mas nunca me odiei. A idade está sendo  justa comigo. Estou envelhecendo, meu rosto está dando aquela "derretida básica", meu corpo ainda vai se aguentado, talvez por genética, mas também por algum esforço, que não sendo exagerado, é contínuo, mas estou a ficar velha.

Não digo que não posso reinventar-me, começar algum curso, fazer algo diferente, acontece que nesse momento a colcha não é grande, se cubro o pescoço, o pé fica de fora. Quero dizer, hoje a maior parte da dedicação de tempo e de dinheiro vai mesmo para os meus filhos. Acho que é eles que estão no primeiro plano.

Eu, com 47 anos, pela e feliz!

Tento ser generosa comigo, não me comparo com meninas, sou uma mulher de meia idade. Adoro envelhecer a dois, olhar fotos de quando conheci o J. e ver a gente a envelhecer, a ganhar a mania dos nossos pais, e, sobretudo, a entender melhor os nossos pais quando os nossos filhos tem atitudes tão iguais as que a gente tinha na idade deles.

Tento só não me conformar, tento (nem sempre consigo) não fazer igual só porque sim, a gente pode sempre evoluir. Temos a obrigação de tentar mudar o que não foi legal, principalmente agora que há uma tentativa de volta da "moral e dos bons costumes", hipócrita, babaca, que no fundo todos sabem, mas preferem fingir ser "pessoas de bem". 

Nunca senti preconceito com relação à minha idade (não estou a afirmar que não existe, apenas que nunca senti na pele), acho que posso tudo que esteja dentro da lei, para já continuo com força física, tento fazer todos os exames que são importantes na minha idade, cuidar do peso, da saúde... mas quando começo a sentir-me muito acabada,  olho com bastante atenção o rosto da protagonista da novela, vejo poros dilatados, rugas, manchas e percebo que a vida passa, para todos, por que seria diferente comigo?


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