Perdi o Gui na praia.
Foi um pequeno instante, talvez 10 minutos, mas de verdade pareceu uma hora!
Estava eu com a Pipa, com os pezinhos na água, enquanto o
Gui corria do guarda-sol até onde estávamos vezes sem conta.
Distraí-me um minuto, olhava um cardume que passava e quando
olhei de volta para o caminho que o Gui fazia não o encontrei... Olhei para
todos os lados e não o via.
Comecei a chamá-lo, primeiro num tom alto, a Pipa já chorava,
aos berros. Depois meu chamamento já era para lá de alto, com tom de
desespero, e já havia muita gente a minha volta, todos me perguntando detalhes
do meu filho. Eu dizia que os calções dele eram azuis com peixinhos coloridos,
depois vi que eram carros, não peixes, mas a verdade é que me deu um bloqueio
mental!
Não sei dizer se foram 4, 5, 10 minutos, mas pareceu uma
eternidade. Eu sentia que ia desmaiar. Olhava para todos os lados...nada do meu
magrelo...
Um grupo de pessoas começou a procurar, a senhora que vende
bebidas já chamou a protecção civil e enquanto seguia buscando com o olhar o meu
filho, oiço um grito, que o encontraram.
Vejo umas vinte pessoas vindo na minha direcção e lá no meio delas o Gui...
Ele vinha rindo, como se estivesse a dar um passeio.
Olhei a volta e vi toda uma praia a suspirar de alívio.
Naqueles cinco minutos todos se mobilizaram. Todos se levantaram e vieram
ajudar. Consegui sentir a preocupação bem como a alegria daquele monte de
espanhóis, solidários, carinhosos.
Depois escutei muitas histórias, quase todas as mães haviam
já vivido um momento assim, desse desespero. Fosse na praia, num supermercado,
numa feira... Senti solidariedade, nunca nenhuma reprovação.
Cada dia gosto mais dessa gente espanhola!
No final o horror se transformou numa recordação bonita. Ver
que o ser humano continua bom!
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