sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Quebrando os paradigmas...

Para situar as pessoas que lêem o blog, tenho uma amiga em Limeira que quer trabalhar, entre outras coisas em que ela é muito boa, também com organização de casa, treino com uma empregada nova, arrumação de armários, enfim, uma governanta que também ¨põe a mão na massa¨, isso é ,ela também limpa a casa, faz aquela faxina ¨com consciência¨.
Claro que isso tem dado um grande debate entre nossa ¨turma¨, a conversa gira em torno de muita admiração, coragem, desconforto em ter uma amiga lá em casa faxinando, em frases de incentivo como ¨você consegue fazer coisa melhor¨etc...
Tudo que eu li achei bastante razoável e com sentido. Mas também quero dar minha opinião e contar minha experiência:
Entendo com certeza o desconforto incial que poderia causar ter uma amiga ¨faxinando a casa¨.
Ontem fui tomar um café com uma amiga, que é a única pessoa aqui que eu conheço que tem empregada, e a empregada tem um ótimo salário para a atual situação do país, e um belo horário, das 9 as 18, durante a semana. Nada mal.Eu brinquei com a Rita, que se a empregada saísse,ela me contrataria...rimos, porque imaginamos que estaríamos mais na conversa e que seria muito estranho e isso e aquilo...
Bem, depois lembrei-me quando fui para Espanha, antes de começar meu curso, tive 3 meses de intervalo...
Tentei arrumar emprego em umas lojas, mas nada... Em três dias tinha 2 casas para limpar... depois mais 2 e arrumei emprego de babá no fim da tarde.
Fui um período muito legal. De muita reflexão.
De manhã limpava as casas, tinha um intervalo de 4 horas, ia para praia, depois ficava com as meninas até as 19:00, e em pouco tempo ( uma semana) fiquei tão amiga da família que jantava lá todos os dias. Só chegava em casa umas 21:00, depois de jantar e beber um belo vinho...
Sempre fui super bem tratada em todas as casas onde trabalhei. Me explicavam como funcionava a máquina de café, deixavam bolachas. Foi sempre super tranquilo.
Terminei esses meses com algum bom dinheiro, viajei com uma amiga por 7 dias pelo norte da Espanha, e até conheci duas cidades do sul da França ( Biarritz e Bayonne).
Tudo na maior descontração.
Sem preconceitos.
Aliás, acho que as pessoas gostavam de me ter a trabalhar, sabiam das minhas limitações ( nunca havia faxinado antes) me explicavam e ensinavam coisas, mas me tratavam com um carinho absoluto. foi muito bom, mesmo.Aprendi bastante.
Claro que não é um emprego para currículo, mas essa amiga já disse que não é uma questão de¨ fazer carreira¨ , é ganhar grana mesmo, é sentir que pode fazer uma coisa útil, e vamos lá, sem grande dor de cabeça... dói o corpo, isso sim, (eu nunca fiquei tão ¨sarada¨ como quando estive a dar no duro na Espanha).
Acho que precisamos derrubar os preconceitos, e sempre dar uma chance aquilo que consideramos diferente. Claro que a experiência pode não dar certo, mas por que não tentar?
Ter alguém lá em casa que pensa como a gente, tem as mesmas noções, o mesmo background, que não temos que explicar o que achamos razoável, alguém que podemos ter 100% de confiança, alguém com gosto, alguém com quem podemos deixar nossos filhos putz, é o ideal.São muitas as vantagens.
Nada mais enervante do que estar a precisar de dinheiro e ter tempo... não combina.Estar parada e pensar que poderíamos estar a fazer tanta coisa...e precisando...
 Então fica aqui minha opinião, acho mesmo uma boa. Acho que quando a classe média se propuser a fazer todo tipo de trabalho vai acabar com essa ditadura das empregadas que começa a existir no Brasil.
Mãe, Meca, e amigas da minha mãe que lêem o Oceâno, se quiserem ou souberem de alguém que precisa de uma ajudante, me avisem e eu ponho em contacto.
Como diria o Fernando Pessoa:
¨Tudo vale a pena quando a alma não é pequena¨
Força amiga, você vai longe e é um exemplo para todos.


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