segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Não querendo julgar, mas...

Ontem encontrei umas pessoas conhecidas. Eu voltava do jardim com as crianças, eles voltavam da missa. Fomos andando e conversando para casa... Cada casal com seus filhos.
Para quem ainda não percebeu, a Europa, e em especial Portugal está a passar uma crise horrível, sem fim à vista.
Bem, falavamos nisso, e o senhor do casal com quem vínhamos a falar contou-nos que no escritório onde trabalha, de 15 funcionários que lá trabalhavam só restavam 5, os outros 10 tinham sido despedidos.
Eu fiquei com uma agonia imediata, e disse: ¨Nossa que triste, não é?¨, e ele prontamente respondeu    ¨ Olha, enquanto não for comigo eu não estou preocupado¨. Eu fiquei de olho arregalado em sem palavras. E ele disse isso com calma, na frente das crianças como se de uma coisa simples se tratasse.
Na hora pensei comigo-  ¨ Mas que grande espírito cristão, mas valia ter ido dar comida aos pombos do que ir a missa e sair de lá com esse pouco sentimento pelo outro¨.
Achei de uma frieza e de uma estupidez tal comentário. Em primeiro lugar por ser mesmo triste, ver pessoas que conhecemos e convivemos perderem seus empregos numa fase dessas, em segundo lugar porque indica que a empresa está muito mal, a ter de dispensar mais de 70% dos seus funcionários, em terceiro lugar por ser péssimo ver nosso país estar dessa maneira... e por aí afora.
Lembrei-me de uma vez que estava com uma senhora na missa, ainda em Limeira, estando dentro da Igreja avistei um casal que estava passando por uma grande dificuldade, o filho estava com leucemia, e eu comentei com essa senhora a situação, ao que ela disse ( ali, dentro da igreja, ainda durante a missa):  ¨ Está vendo, eu nunca vi eles (o casal) aqui na missa, essa gente só lembra de Deus quando precisa!¨ - e eu pensei comigo ¨ E a senhora nem se lembra de Deus, mesmo estando na missa, para fazer um comentário desses!¨ - não disse só pensei, deveria ter dito.
E cada vez mais me convenço que o espírito cristão é uma prática do dia-a-dia, que vem lá do fundo do coração, que é automática, que não segue regras. É imediato a empatia pelo problema ou felicidade do outro, sem precisar provar nada para ninguém, sem precisar ir à missa, sem precisar comungar.
E que se aprende na mais tenra infância, na convivência com a solidariedade, com a educação e com a bondade que os pais demonstram a toda hora a frente das crianças. O amor pelos outros é algo que não podemos esquecer de ensinar aos nossos filhos, com atitudes, sempre.



2 comentários:

  1. Falou tudo Gê.....sempre tive muitas dúvidas em relação a religiões e que tipo de orientação dar a meus filhos, optei por ensinar a praticar o bem, ser honesta consigo e com os outros e acima de tudo respeitá-los (coisa que também estou em processo de aprendizagem)...se quiserem se católicas, ou espíritas ou outra coisa para mim td bem, mas também já fui muito julgada por não colocá-las no catecismo..esse final de semana que foi feriado a Dõ participou de um Projeto de construções de casas em comunidades carentes, trabalhando como "pedreira", 3 dias sem tomar banho pq na comunidade não tem água, em 3 das construiram a casa para um casal e seu bebê, quer dizer "perdeu" o seu feriado...me fala se isso não é a real prática da religião, senti um orgulho imenso e a certeza de que estão no caminho certo.

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  2. Completamente. É assim que se faz, em grande s e pequenos gestos.Ensinar nossos filhos a respeitar, se preocupar e ajudar os outros é a única maneira que temos de deixar um mundo melhor. Claro que se quiserem ter uma religião e professá-la, tudo bem,mas ir a missa não substitui ter ser boa pessoa. Acho que ser boa pessoa é um requisito para ir a missa. Do you know what I mean?
    Beijo querida Lica

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